quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;
e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos,
nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.



Oscar Wilde

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Agora preciso de tua mão

Agora preciso de tua mão,
não para que eu não tenha medo,
mas para que tu não tenhas medo.
Sei que acreditar em tudo isso será,
no começo, a tua grande solidão.
Mas chegará o instante em que me darás a mão,
não mais por solidão, mas como eu agora:
Por amor.



Clarice Lispector

sábado, 26 de novembro de 2011

Veja


Quero você em meus braços!
Me beije, sinta meu cheiro, e veja.

Eu quero que você me deseje,
Me abrace, me aperte e me beije.
E depois me mande embora
Que eu vou feliz da vida.

Quero ser imaginado e adorado.
E quem sabe amado por você.
E depois pode me mandar embora.

Mesmo que seja quatro horas da manhã,
Fazendo frio, chovendo, não me importa.
Vem me proibindo de olhar pra você.
Pois eu vou muito contente e vitorioso
Pois você é o minha amante, amada e amor.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Duff



Vinte e dois anos. Esse é o tempo que os fãs brasileiros esperam para descobrir qual é o gosto da Duff, a cerveja predileta de Homer Simpson. A espera agora acabou: chega nesta semana ao país a versão real da bebida alcoólica que Moe serve em sua taberna desde 1989.


A Duff brasileira não tem nenhuma relação oficial com a animação de Matt Groening. O animador, que jamais desejou que a bebida ganhasse vida para não estimular o consumo da criançada, viu em 2006 o mexicano Rodrigo Contreras transformá-la em realidade ao copiar seu nome e logotipo. Desde então o empresário a exportou para a Europa e criou um braço sul-americano na Colômbia e no Chile. É essa a Duff que vem ao Brasil pelas mãos do colombiano Gustavo Mejía.



A Duff do mundo amarelo de “Os Simpsons” é barata e ruim; a real é premium, cara e não sairá em latinha: vai custar entre R$ 8 e R$ 10 e será vendida no tamanho long neck 355ml em bares de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Brasília.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ausente, Pensativo, Solitário

Ausente, pensativo, solitário,
como se vos estivera ali presente,
dou e tomo as razões ousadamente
firme em amor, em pensamentos vário.

Quando venho ante vós com temerário
fervor renovo n´alma juntamente
quantos cuidados tive estando ausente,
que tudo em tal aperto é necessário.

Uns aos outros se impedem na saída
e querem cometer e não se abalam,
e vou para falar e fico mudo.

Porém, meus olhos, minha cor perdida,
meu pasmo, meu silêncio, por mim falam,
e não dizendo nada, digo tudo.



Estevão Rodrigues de Castro

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles