quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Desamor

Musa de minha inspiração,
Corta me o peito o desamor.
Para mim restam as palavras,
E a ti, minha poesia.


Igor Moreira

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Engano


Uma noite de um dia, um mês, um ano...
Das vontades, alheias a minha, repito;
Não te espantes, não mais, pois sei o que digo;
De nós, quem padece és tu, coração mundano...

Igor Moreira



sábado, 23 de fevereiro de 2013

As Índias

Se a atração da ventura os sonhos te arrebata,
Conquistador, ao largo! A tua alma sedenta
Quer a glória, a conquista, o perigo, a tormenta?
Ao largo! saciarás a ambição que te mata!

Bela, verás surgir, da água azul que a retrata,
Catai, a cujos pés o mar em flor rebenta;
E Cipango verás, fabulosa e opulenta,
Apunhalando o céu com as torres de ouro e prata.

Pisarás com desprezo as pérolas mais belas!
De mirra, de marfim, de incenso carregadas,
Se arrastarão, arfando, as tuas caravelas.

E, a aclamar-te Senhor das Terras e dos Mares,
Os régulos e os reis das ilhas conquistadas
Se humilharão, beijando o solo que pisares...

Olavo Bilac

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

SAUDADES

Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!
Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.
Então – proscrito e sozinho –
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
– Saudades – dos meus amores,
– Saudades – da minha terra !
....1856

Casimiro de Abreu

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Este, que um deus cruel arremessou à vida,
Marcando-o com o sinal da sua maldição,
- Este desabrochou como a erva má, nascida
Apenas para aos pés ser calcada no chão.
De motejo em motejo arrasta a alma ferida...
Sem constância no amor, dentro do coração
Sente, crespa, crescer a selva retorcida
Dos pensamentos maus, filhos da solidão.
Longos dias sem sol! noites de eterno luto!
Alma cega, perdida à toa no caminho!
Roto casco de nau, desprezado no mar!
E, árvore, acabará sem nunca dar um fruto;
E, homem, há de morrer como viveu: sozinho!
Sem ar! sem luz! sem Deus! sem fé! sem pão! sem lar!

Olavo Bilac

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Retalhos de Cetim

Ensaiei meu samba o ano inteiro,
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria.
E ela jurou desfilar pra mim,
Minha escola estava tão bonita.
Era tudo o que eu queria ver,
Em retalhos de cetim.
Eu dormi o ano inteiro,
E ela jurou desfilar pra mim.
Mas chegou o carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei.
Não pensei que mentia a cabrocha,que eu tanto amei.




Benito Di Paula