segunda-feira, 25 de março de 2013

A Flauta-Vértebra

Prólogo

A todas vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.

Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.

Memória!
Convoca aos salões do cérebro um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila, veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
Esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos na flauta de minhas próprias vértebras.


Vladimir Maiakóvski

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